terça-feira, 2 de abril de 2013

Tratado sobre o silêncio

Dia desses fui ao médico com minha mãe e, quando entramos na sala de espera do consultório, tinha um homem e uma mulher no mesmo sofá, conversando, então imaginei que estivessem juntos. Mas depois percebi que não, eles nem se conheciam e ela estava ali, falando descontroladamente no ouvido do pobre homem. A mulher falava tanto, mas tanto, e alto, que começou a me incomodar! Em, sei lá, dez minutos que ficamos no mesmo ambiente, eu descobri que o filho dela estava no Canadá, que ela tinha um sério problema de circulação, que tinha esquecido os remédios em casa e blá blá blá... Que chata! E quando ela entrou no consultório eu imaginei que a consulta dela fosse demorar muito... Acertei em cheio!

Li uma vez num texto do Antonio Prata que nós, brasileiros, somos ruins de silêncio. E concordo! A gente tem mania de falar, qualquer coisa, qualquer hora, com qualquer pessoa. A pessoa chega em casa e liga a televisão, só pra não ficar em silêncio. Ou então puxa assunto em fila de banco, ponto de ônibus, simplesmente porque acha que estar ao lado de outra pessoa e ficar calado é incômodo, constrangedor. Constrangedor é abrir sua vida para quem você nem conhece!

Eu também já fui assim, tagarela de tudo! Gostava de falar, e falava qualquer coisa, para ser engraçada, para que prestassem atenção em mim, ou simplesmente para quebrar o silêncio. Principalmente na minha adolescência. Adolescente gosta de aparecer, né?! Hoje, sou muito mais de ouvir do que de falar. Aprendi a gostar – e muito – do silêncio.

Adoro chegar em casa depois de um dia de trabalho e ficar quieta – é uma pena que minha vó não entenda isso. Amo deitar na minha cama e ficar sozinha com meus pensamentos! E quer intimidade maior do que o silêncio? Como quando você está com uma pessoa e não tem essa necessidade de falar o tempo todo, porque o silêncio não incomoda. Pelo contrário, é confortável, como uma prova de cumplicidade!

Acho que a maioria das pessoas não gosta porque associa silêncio à tristeza, à solidão. Mas, para mim, é justamente o contrário! Estar em silêncio é estar em paz. Comigo. Com os outros. Com meus pensamentos. Claro que ainda adoro uma boa conversa, mas não com qualquer pessoa, não em qualquer lugar, nem o tempo todo. Se você não tem nada de interessante para falar, fique quieto! Como no provérbio chinês que diz: “A palavra é prata, o silêncio é ouro”.

Fica a dica! ;)

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