Quando criança, queria ser adulta, afinal, pra ela vida de
criança era muito difícil, cheia de incertezas, inseguranças e um grande vazio.
E ela cresceu.
Na adolescência, aquela gorducha, desengonçada e quatro
olhos parecia a mais nova da turma. A maioria das meninas já era mocinha e ela
brincava de boneca. Os meninos nem percebiam sua existência.
Mas o tempo passa e algumas coisas mudam.
E ela cresceu, emagreceu, deixou de ser menina e virou moça.
Descobriu que podia ser popular, era divertida, engraçada, cheia de espontaneidade
e alegria. Não lhe faltava festas, amigos,
histórias e gargalhadas.
E ela cresceu, como queria, mas o
vazio ainda estava lá.
E como todo mundo, ela sonhou. Sonhou com uma carreira, um
príncipe, em se casar e ter filhos.
E ela cresceu, e a ansiedade era tanta que ela fez tudo fora
da ordem. Teve filhos, não se casou, e nem sinal do príncipe. E muito menos da
carreira.
Trocou os pés pelas mãos, se perdeu no caminho. Aquela
garota, aquela, a gente boa da faculdade, com aqueles sonhos e muitos amigos, se
perdeu em algum lugar, esqueceu quem era e o que queria e foi apenas tocando a
vida como pôde.
Ela cresceu, e o vazio continua, talvez nunca seja
preenchido, talvez ela nem descubra do que se trata.
Mas ela vai tentar.
Ela não é de se conformar.
E ela cresceu, e continua a ser apenas aquela criança, cheia
de incertezas, inseguranças e um grande vazio.
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